segunda-feira, 3 de março de 2008

O CANTO DOS COMPANHEIROS - CONTRIBUIÇÃO DO IR:. M:. I:. JOSÉ MARIANO LANA

O Canto dos Companheiros

I
SALVE ARTE DE CONSTRUIR! Tu divino Ofício!
Glória da Terra, vinda do Céu;
Brilho de Jóias preciosas,
Vendado aos Olhos de todos menos os dos Masons


Coro
Teus devidos louvores quem pode repeti-los
Em Prosa vigorosa, ou em fáceis Versos?


II
Como os Homens dos Brutos se distinguem,
Um Mason excede os outros Homens;
Pois o que em Conhecimento escolhido e raro
Não mora seguramente em seu Peito?


Coro
Seu Peito silencioso e seu fiel Coração
Conservam os segredos da Arte


III
Contra o Calor abrasador, e o Frio penetrante;
Contra as Bestas, cujo rugido devasta a Floresta;
Contra os Assaltos de Guerreiros temerários
A arte dos Masons defende a Humanidade


Coro
Que se renda Honra devida a essa Arte,
Da qual a Humanidade recebe tal ajuda.


IV
Insígnias do Estado, que alimentam nosso Orgulho,
Distinções importunas, e vãs!
Pelos verdadeiros Masons são deixados de lado:
Os Filhos da Arte nascidos livres desdenham tais Ninharias;


Coro
Enobrecidos pelo Nome que usam;
Distinguidas pelas ALFAIAS que trazem


V
Doce Companheirismo, livre de Inveja:
Amigável Conversa de Fraternidade;
Seja a Loja o Cimento Durável!
Que através dos tempos resistiu firme.


Coro
Uma Loja, assim construída, nos Tempos passados
Durou, e sempre durará


VI
Então em nossos Cantos façamos Justiça
Àqueles que enriqueceram a Arte,
Desde Jabal até Burlington,
E que cada Irmão leve sua parte.


Coro
Que circulem os brindes aos nobre Masons;
E que seus Louvores ressoem na altiva Loja


Pelo Ir.'. CARLOS DELAFAYE
Extraído das Constituições de Anderson - 1723

TRABALHANDO A PEDRA BRUTA - CONTRIBUIÇÃO DO IR:. M:. I:. JOSÉ MARIANO LANA

A MAÇONARIA QUE DESEJAMOS

José Inácio da Silva Filho, Ven\ M\
Loj.·. Maç.·. "Dogival Costa", N° 04
Gr.·. Loj.·. Maç.·. do Estado da Paraíba
Esperança - PB

Que Maçonaria desejamos, ou, o que desejamos da Maçonaria?! A abordagem deste tema exige algumas premissas, que, embora incontestáveis, podem ser, muitas vezes, esquecidas, em benefício de interesses pessoais de momento.

Em primeiro lugar, devemos nos lembrar que, um dia, perante uma assembléia constituída de homens livres e de bons costumes, prometemos e juramos defender e proteger nossos Irmãos em tudo que pudéssemos e fosse necessário e justo; conservarmo-nos, sempre, cidadãos honestos e dignos, submissos às leis do país, amigos de nossa família e Maçons sinceros, nunca atentando contra a honra de ninguém, especialmente contra a de nossos Irmãos e de seus familiares; tornarmo-nos elementos de paz, de harmonia e de concórdia no seio da Maçonaria; enfim, obediência às leis da Ordem Maçônica e procurarmos, sempre, aumentar e aperfeiçoar nossos conhecimentos.

Conscientes, pois, das responsabilidades assumidas e dos deveres a cumprir, é que nos ligamos, para sempre, à Ordem Maçônica e fomos recebidos e reconhecidos como Irmãos e Obreiros da construção do edifício moral da humanidade, adquirindo, pela iniciação, a qualidade de iniciados na arte de viver e de pensar. Não a Iniciação Real, mas a Iniciação Simbólica, que se distinguem uma da outra, como diferem entre si as expressões "ser um iniciado" e "ser iniciado".

E, mesmo sendo a Iniciação Simbólica uma pálida imagem da Iniciação Real, temos, nós Maçons, no recesso de nossas Lojas ou fora dele, exercido satisfatoriamente a nossa profissão de fé maçônica, construindo o edifício das nossas próprias convicções e honrando os compromissos assumidos por nossa livre e espontânea vontade?!

O Ritual do Grau de Aprendiz-Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito, adotado por várias Potências Maçônicas, nos ensina o seguinte conceito de Maçonaria:

"A Maçonaria, cujo objetivo é combater a ignorância em todas as suas modalidades, se constitui numa escola mútua, para conhecimento do seguinte programa que impõe: I – obediência às leis do país; II – viver segundo os ditames da honra; III – praticar a justiça; IV – amar ao próximo; V – trabalhar incessantemente em prol da felicidade do gênero humano, até conseguir sua emancipação progressiva e pacífica, através da justiça que impõe respeito aos direitos alheios e o cumprimento dos próprios deveres".

A Maçonaria é, pois, uma escola onde se ensina e se aprende a arte de viver e de pensar. O conhecimento maçônico, além de ser um dos deveres fundamentais do Maçom, é um direito que lhe assiste e um dever a ser cumprido pelas Lojas, com o necessário e imprescindível apoio da Grande Loja, que dispõe de todos os instrumentos para operacionalizar este aprendizado. Para isto, a organização administrativa da Grande Loja conta com a Grande Secretaria de Educação e Cultura e o Venerável Colégio Maçônico. Se esses órgãos nada têm feito em favor da cultura maçônica, resta-nos lamentar a inércia administrativa a que estão submetidos.

Devemos, pois, com a urgência que o caso requer, procurar corrigir essa grave omissão, de modo a propiciar as condições necessárias ao progresso moral e intelectual do Maçom, através de um programa permanente e eficiente de estudo e aprendizagem, que lhe permita adquirir os conhecimentos maçônicos indispensáveis sobre história, administração, direito, doutrina, filosofia, simbologia e liturgia.

Via de regra, as constituições das Obediências Maçônicas dotam suas Lojas Jurisdicionadas de Órgãos Técnicos, Consultivos e Auxiliares, dentre os quais se destaca o Centro de Estudos Maçônicos, com a finalidade precípua de difundir o conhecimento maçônico entre os obreiros do quadro. Assim, as Lojas são o instrumento real da Maçonaria na formação de verdadeiros, leais e sinceros Maçons, porque é nelas que se forjam, em paz e harmonia, a vontade, a força e o equilíbrio dos seus Obreiros, para que possam conquistar da vida a liberdade e a felicidade da humanidade, e, deste modo, estarem aptos para o combate em defesa do ideal maçônico.

Infelizmente, por falta de apoio, planejamento e vontade, as Lojas, em sua grande maioria, limitam-se à realização de sessões meramente econômicas, sem a mínima preocupação com a formação maçônica, sem que sejam desenvolvidos trabalhos e projetos que possibilitem o surgimento de novas idéias e, conseqüentemente, o fortalecimento dos antigos ideais que herdamos dos nossos antecessores, de modo a preservar os bons créditos que a Ordem Maçônica sempre gozou desde os seus primórdios. Isto acontece, muitas vezes, pela "incapacidade daqueles que possuem a vaidade de posição e quebram lanças para conseguir ser eleitos para determinados cargos, sem possuírem os necessários e indispensáveis conhecimentos" dos princípios e postulados que regem a Ordem Maçônica. Nisto é que vamos encontrar, na maioria dos casos, as causas do enfraquecimento das Lojas e do baixo nível de conhecimento maçônico de muitos de nossos Irmãos.

Como nos ensina René Joseph Charlier, em seu livro "Pequeno Ensaio de Simbólica Maçônica", é na insipidez de nossas reuniões, na falta de estudo, na carência de cultura maçônica, que devemos, certamente, ver a fonte principal das ausências, dos afastamentos. Sem medo de errar, acrescentamos que este quadro de "aculturamento maçônico" é agravado pelo pouco caso que, insistentemente, os Governantes da Fraternidade têm feito da cultura maçônica. E, muitas vezes, um Irmão dedicado ao estudo da cultura maçônica é mal visto e julgado prepotente por aqueles Irmãos que entendem ser o bastante freqüentar sua Loja para ser um Obreiro da Arte Real.

Não, meus Irmãos! Não basta freqüentar os trabalhos de Loja, porque ser Maçom uma vez por semana é muito pouco para quem pretende ser "um iniciado". É preciso estudar! É preciso conhecer! É preciso pensar! É preciso agir.

Já se disse que "onde há Maçom deve existir Maçonaria". Em nossas Lojas e fora delas, no convívio social, no convívio profissional, no convívio familiar, devemos pensar e agir como Maçons. Em Loja devemos aprender a construir o templo ideal do homem Maçom, o nosso templo interior. Fora de nossas Lojas, praticando as virtudes e os preceitos maçônicos, devemos trabalhar para construir o templo ideal da humanidade. Este o grande objetivo da Ordem Maçônica. Mas, por infelicidade, nós desvirtuamos o ideal, e a nossa conduta, a cada dia, mais se distancia dos princípios basilares sobre os quais se assenta a moral maçônica.

Se não tomarmos consciência dos nossos deveres e responsabilidades, se o Governo da Fraternidade, em todos os níveis, não se dispuser a tomar medidas sérias, concretas e corretas, tememos que a Maçonaria deixe de existir como Ordem Iniciática. Isto levaria suas Lojas a se transformarem em meras "associações profanas" ou "agremiações políticas", vez que, atualmente, as nossas preocupações estão resumidas às discussões sobre o recrutamento de novos membros, às ausências e às eleições para o Governo da Fraternidade, caindo a nossa Sublime Instituição em franca decadência, por obra e graça daqueles que a governam, porque, mais preocupados com a satisfação de suas próprias vaidades e interesses pessoais, relegam a segundo plano o objetivo maior da Ordem Maçônica.

Como Aprendizes, aprendemos que a Maçonaria "não é uma sociedade de auxílios mútuos, ou de caridade". No entanto, muitos de nós procuramos transferir a responsabilidade sobre a solução dos nossos problemas pessoais para as nossas Lojas. Desse modo, esquecemos que o Maçom deve ser um foco de solução e não um foco de problemas; esquecemos que a solução dos nossos próprios problemas é de nossa responsabilidade; esquecemos que a responsabilidade da Maçonaria é, isto sim, para com a solução dos problemas da humanidade. Não podemos pretender, jamais, que nossas Lojas deixem de ser "casas de valores" para se transformarem em "casas de favores".

O tratamento de Irmãos, que dispensamos entre nós, vai se restringindo, pouco a pouco, às letras impressas dos nossos rituais e às saudações em Loja aberta. Muitas vezes, mal cumprimentamos nossos Irmãos quando nos encontramos no âmbito maçônico, e, quando com eles cruzamos fora de Loja não é raro negarmo-lhes um breve aceno, e, assim, nos reconhecemos como Irmãos apenas quando em Loja?!

A concórdia fraterna, invocada na abertura dos trabalhos de Loja de Aprendiz, vai cedendo lugar a amizades grupais alicerçadas, unicamente, nas conveniências políticas, profissionais, sociais e econômicas. O respeito à ordem e à disciplina muitas vezes é considerado como um ato de subtração da própria personalidade ou como um ato de submissão à vontade dos governantes da Ordem Maçônica.

Irmãos nossos há que não se interessam pelo aperfeiçoamento moral, nem pela cultura maçônica, uma vez que mais preocupados com seus interesses pessoais e com as vantagens que podem auferir ao se fazerem conhecer como Maçons. Irmãos nossos há que atentam contra a honra e a dignidade dos seus Irmãos protagonizando denúncias levianas e venais, movidos por despeito, mediocridade, complexo de inferioridade, choque de interesses pessoais, ou, até mesmo, por rancor e ódio incompreensíveis em uma Instituição cuja ciência é a cultura do amor fraternal.

Reflitamos, pois, meus Irmãos, sobre os nossos atos e atitudes como Maçons para que tenhamos a dedicação e coragem necessárias à preservação de nossas verdadeiras tradições e para o combate à ignorância maçônica deletéria dos bons costumes e que põe em risco a sobrevivência da Maçonaria como Ordem Iniciática.