quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

LABORES: TRABALHANDO A PEDRA BRUTA - Educação e Desenvolvimento

EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO


Cláudio Moura de Castro, articulista da Veja, publicou em sua crônica Ponto de Vista, edição de 06/12/06, uma descrição do povo sul coreano feita pelo médico americano Paul S. Crane. Tal descrição era parte de um livro de Crane intitulado Korean Patterns, publicado em 1967 e que tinha o objetivo de orientar os americanos em visita àquele país. A descrição é a seguinte: “a verdade só é bem vinda quando traz alegria e paz. A franqueza é uma idéia que ainda não se consolidou. O sentimento do imediato é tudo. Para agradar, o sapateiro promete o conserto para uma data que não pode cumprir. Há pouca confiança nas instituições e no governo. Pensa-se que eles existem, sobretudo, para beneficiar os homens públicos. É o dinheiro que faz a burocracia andar. Nos negócios o puxa-saquismo é um meio de vida.....A sociedade desenvolveu certo fatalismo. Muitos tendem a viver no dia a dia, dando pouca importância ao planejamento do futuro e á prevenção. Quando alguém começa a subir sempre haverá um outro puxando para baixo, desacreditando ou trapaceando.......muitas empresas ainda não tem controle de qualidade nem pensam que o produto entregue deve ter a mesma qualidade da amostra exibida antes. Falta o sentido de obrigação de cumprir o contrato, e não se considera pagar em tempo as dividas contraídas. Roubar é esperto. Ser apanhado roubando é estúpido ou falta de sorte.”

Esta era uma situação anterior a “cruzada” pela educação levada a cabo naquele país, que a bem da verdade é bastante parecida com a nossa atualmente.

Para que possamos melhorar a qualidade de um conjunto será preciso que melhoremos a qualidade de cada um dos indivíduos que o compõem. Assim, o desenvolvimento do Brasil depende da capacidade profissional e das qualidades pessoais que cada um dos seus cidadãos deve possuir. Não é sem razão que a palavra de ordem hoje em dia é EDUCAÇÃO. Parece que há um consenso nacional em torno deste tema. Não há dúvida de que este é caminho que deveremos seguir para realizar a meta do desenvolvimento. Assim foi com o Japão, Coréia do Sul e outros.

Entretanto, para que possamos usar esta poderosa ferramenta é preciso primeiro saber o que é educação. Educação não é somente ensinar o aluno a resolver um problema de física ou matemática, ou mesmo técnicas que permitem exercer competentemente uma profissão. Esta palavra tem um sentido muito mais amplo. Um cidadão, uma pessoa humana, precisa de muito mais do que isso para se capacitar como agente do desenvolvimento. É preciso, por exemplo, ensiná-lo a gerenciar seus sentimentos negativos. Os coreanos do sul descobriram que tinham muita inveja do Japão. Passaram décadas na inércia procurando os defeitos dos japoneses e desfazendo de suas realizações. Resolveram então admitir que tinham inveja dos japoneses e que gostariam de possuir as coisas que eles possuíam. A partir deste momento suas energias foram concentradas na tarefa de descobrir o método que os japoneses usaram para enriquecer. Descobriram, copiaram, melhoraram e estão enriquecendo. É preciso ensinar ao aluno a ser pontual, leal, perseverante, organizado, a honrar a palavra empenhada, que o crime não compensa, e outras qualidades do espírito.

Já temos muitas escolas no Brasil capazes de formar profissionais competentes, mas, os resultados às vezes são ruins, porque tais profissionais não são perseverantes, não amam o que fazem, quase sempre não estão dispostos ao trabalho duro e honesto. Quando se trata de profissionais que atuam no serviço publico, os maus resultados de seus trabalhos não afetam somente a eles – vejam os casos de deputados corruptos, policiais corruptos, etc.

Educar um aluno egoísta somente recomendando-o que se esforce para se tornar altruísta não tem dado resultado, é mais ou menos como tentar ensinar um elefante voar; seria melhor ensinar o elefante a usar o que ele tem de sobra, a força. Conhecer a vocação do aluno e orientá-lo a se aperfeiçoar naquilo que ele gosta de fazer, talvez seja a melhor opção para educar. Precisamos adquirir o hábito de educar pelo exemplo, não vale a velha fórmula “faça o que eu mando mas não faça o que eu faço”.

Parece que humanidade deu um passo errado quando decidiu usar a educação para formar os indivíduos. Toda a nossa estrutura educacional está baseada no vir a ser. Ser mais virtuoso, ter mais títulos acadêmicos, ser mais rico, etc. Pouco ou nada se faz para ensinar o aluno a pensar, a buscar o autoconhecimento. A este respeito, Krishnamurti, um dos maiores pensadores de nosso tempo disse “Podeis ter todos os graus acadêmicos do mundo, mas se não conheceis a vós mesmos, sois extremamente estúpidos. Sem o autoconhecimento, o cuidar meramente de colecionar fatos ou de tormar notas é uma maneira muito estúpida de existir. Podeis ser capaz de citar o Alcorão e a Bíblia, mas se não conheceis a vós mesmos, sois tal qual um papagaio a repetir palavras. Conhecer a si próprio é a verdadeira finalidade da educação

O Brasil precisa de uma cruzada nacional pela educação, e, nela, não deverão somente estar envolvidas as escolas, mas também, todas as instituições que têm condições de contribuir. Inclusive, para algumas delas, como o poder legislativo, o poder executivo, o poder judiciário, a maçonaria, etc, precisamos apenas que contribuam com o bom exemplo.

IR.∙. M.∙. I.∙. Elias Mansur Neto –M.∙. I.∙. Loj.∙. Cavaleiros Templários

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